Na Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AODS) o vírus da imunodeficiência humana (HIV) é capaz de realizar fusão, ou seja, se unir com o DNA da célula do hospedeiro (ser humano) onde se divide repetidamente, podendo abalar o sistema endocrinológico quase que por completo. Também o próprio tratamento para AIDS, o antirretroviral, pode afetar o funcionamento de várias glândulas endocrinológicas e provocar alterações no seu funcionamento.
Como resultado, anormalidades na função da glândula tireoide ocorrem por dano direto ou por alterações no eixo-hipotálamo-hipófise-tireoide, que constitui o comando do sistema nervoso central sobre a glândula tireoide. O resultado pode ser tanto hipotireoidismo, como hipertireoidismo. Para melhor entendimento tudo funciona como uma sequência de estímulos: o sistema nervoso central (hipotálamo) produz o hormônio TRH (hormônio estimulador da produção de TSH pela hipófise), que como o nome mesmo diz estimula a hipófise a produzir TSH que por sua vez estimula a tireoide na produção de seus hormônios específicos T3 e T4. Estes últimos controlam o funcionamento do corpo todo, e quando estão alterados acabam por causar manifestações variadas, desde alterações de frequência cardíaca até distúrbios emocionais (vide esquema abaixo).
Importante também ressaltar que alguns tumores de tireoide são mais comuns nas pessoas com HIV do que na população geral. Entre eles está o linfoma de tireóide, que se manifesta através de nódulo ou bócio na tireoide e se diagnosticado precocemente, tem tratamento e cura completa, com cirurgia e reposição hormonal.
Pesquisas mostram que entre as alterações de tireoide mais frequentes nos pacientes com HIV, destaca-se o Hipotiroidismo subclinico, isto é, hipotireoidismo sem manifestações clínicas apenas alterações laboratoriais, e a doença de Graves, que cursa com Hipertiroidismo, ambas são de causa autoimune.
A prevalência de mudanças da função tireoide nos pacientes portadores de HIV, é superior a da população geral o que justifica a pesquisa destas alterações entre os pacientes com AIDS através do interrogatório de sintomas clínicos e quando necessário, certificar com dosagens hormonais específicas.
Referência:
Os efeitos da infecção pelo HIV-1 nos órgãos endócrinos
Best Pract Res Clin Endocrinol Metab. , 25 ( 3 ) ( 2011 ) , pp. 403 - 413
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